quarta-feira, 25 de novembro de 2009

COLÓQUIO DE INFOEDUCAÇÃO: Mediações e Mediadores

POLÍTICAS PÚBLICAS DE INFORMAÇÃO EM EDUCAÇÃO
Convidada: Profa. Dra. Ester Calland de Souza Rosa, UFPE

O ESPAÇO COMO DISCURSO E PRÁTICA: A REDE DE BIBLIOTECAS ESCOLARES INTERATIVAS (REBI) SBC
Profa. Dra. Cibele Haddad Taralli, FAU/USP

26 de Novembro de 2009 / Horário: 14h30 – 17h00
O evento é aberto a interessados em geral

Local: CBD/ECA/USP - sala 258 (2º andar)
Av. Prof. Dr. Lúcio Martins Rodrigues, 443
Cidade Universitária, São Paulo

Sobre as palestrantes
Ester Calland de Souza Rosa
Docente e pesquisadora na Universidade Federal de Pernambuco, com pesquisas na área de Educação, sob os temas da formação docente, leitura, narrativas biográficas, professor leitor.

Cibele Haddad Ralli
Docente da Faculdade e Arquitetura da Universidade de São Paulo. Doutora (1994) em Arquitetura e Urbanismo pela USP. Atualmente coordena projetos de pesquisa na mesma área. Suas produções científico-acadêmicas, tecnológicas e artístico-culturais estão relacionadas aos seguintes temas: Arquitetura, projeto, desenho industrial, ambiente urbano, edificações, ensino, design, desenho urbano, metodologia e sistemas construtivos.

domingo, 22 de novembro de 2009

IV DIÁLOGOS DE INFOEDUCAÇÃO

O CONCEITO DE EDUCAÇÃO PARA A INFORMAÇÃO: UMA PERSPECTIVA CRÍTICA
24 de Novembro de 2009 - Horário: 9h00 – 11h30

Debatedores:
Prof. Dr. Edmir Perrotti - ECA/USP
Profa. Dra. Ivete Pieruccini – ECA/USP
Profa. Dra. Anna Maria Marques Cintra - ECA/USP
Profa. Dra. Ester Calland Rosa - UFPE

Pesquisadores brasileiros, profissionais e estudantes estarão reunidos em evento do Colaboratório de Infoeducação, da Escola de Comunicações e Artes, da Universidade de São Paulo, para refletir e compartilhar experiências em educação, mediação da informação, bibliotecas universitárias e educação superior vistas sob o enfoque dos pressupostos da infoeducação e pesquisa colaborativa.

Local: ECA/USP - Auditório Lupe Cotrim – 1º. andar– CBD/ECA/USP - Av. Prof. Dr. Lúcio Martins Rodrigues, 443 - Cidade Universitária, São Paulo. Informações: 3091-4076 - Ramal 5 (Secretaria CBD) - Transmitido pela IPTVUSP - http://www.iptv.usp.br

Embasamento do debate: La lettre d'information n° 17 – April 2006

Sobre os debatedores

Edmir Perrotti - graduação em Letras Português e Francês pela Universidade de São Paulo (1971), mestrado (1984) e doutorado (1989) em Ciências da Comunicação pela Escola da Comunicações e Artes/USP. É docente no PPG Ciência da Informação da ECA/USP, responsável pela disciplina Infoeducação: acesso e apropriação de informação na contemporaneidade. Ministra, como docente colaborador no Curso de Graduação Jornalismo e Editoração da ECA/USP, a disciplina "Políticas públicas em comunicação e leitura". Diretor científico do Colaboratório de Infoeducação - ColaborI- da ECA/USP, coordena grupo de pesquisa voltado à consolidação da Infoeducação, abordagem de natureza histórico-cultural das relações entre Informação e Educação. Realiza pesquisas com ênfase nos seguintes temas: infoeducação, dispositivos informacionais, saberes informacionais, redes culturais, metodologia colaborativa, leitura; literatura infantil e juvenil

Ivete Pieruccini - docente e pesquisadora na Escola de Comunicações e Artes, da Universidade de São Paulo. Graduação em Biblioteconomia (1973), mestrado (1998) e doutorado (2004) em Ciência da Informação pela Escola de Comunicações e Artes/USP. Ministra, no Curso de Graduação Biblioteconomia e Documentação, da ECA/USP, as disciplinas Fundamentos em Biblioteconomia, Documentação e Ciência da Informação; Informação, Educação e Conhecimento; Orientação à Pesquisa e Projeto Experimental I. É professora na linha de pesquisa Mediação e Ação Cultural, do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, na disciplina Infoeducação: acesso e apropriação da Informação na contemporaneidade. Desenvolve pesquisas no campo da Infoeducação, área voltada ao estudo das relações entre apropriação simbólica e dispositivos culturais, nos temas infoeducação, dispositivos informacionais, ordem informacional, informação e educação, busca de informação. É coordenadora do Colaboratório de Infoeducação - ColaborI- (ECA/USP), órgão de pesquisa, de caráter interdisciplinar, aberto a saberes plurais.

Anna Maria Marques Cintra - graduação em Letras Clássicas pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1965) e doutorado em Lingüística pela Universidade de São Paulo (1973). Atualmente é professora doutora ms3 da Universidade de São Paulo e professor titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Tem experiência na área de Lingüística, com ênfase em Língua Portuguesa, atuando principalmente nos seguintes temas: leitura, grupo pet letras, ensino de língua portuguesa, português instrumental e português para fins específicos.

Ester Calland de Souza Rosa - graduação em Psicologia pela Universidade Federal de Pernambuco (1984), mestrado em Educação pela Universidade Federal de Pernambuco (1990) e doutorado em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela Universidade de São Paulo (2002). Atualmente é Professor Adjunto da Universidade Federal de Pernambuco. Tem experiência na área de Educação. Atuando principalmente nos seguintes temas: Formação docente, Leitura, Narrativas biográficas, Professor leitor


terça-feira, 17 de novembro de 2009

DIÁLOGO DE INFOEDUCAÇÃO: Mediações e Mediadores

Experiências em Infoeducação em São Bernardo do Campo
19 de Novembro de 2009, das 14h30 – 17h00

Convidadas:
Profa. Claudete Munhoz
Bibliotecária Miriam Nascimento


Pesquisadores brasileiros, profissionais e estudantes estarão reunidos em evento do Colaboratório de Infoeducação, da Escola de Comunicações e Artes, da Universidade de São Paulo, para refletir e compartilhar experiências em educação, mediação da informação, bibliotecas vistas sob o enfoque dos pressupostos da infoeducação e pesquisa colaborativa.

Local
ECA/USP - sala 258 (2º andar) – CBD/ECA/USP
Av. Prof. Dr. Lúcio Martins Rodrigues, 443 - Cidade Universitária, São Paulo
Informações: 3091-4076 - Ramal 5 (Secretaria CBD)

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

O crepúsculo dos sábios

Estado de S.Paulo
Aliás J5, domingo, 15 de novembro de 2009


O crepúsculo dos sábios
Apática, sem maravilhamento, a universidade pós-moderna se esqueceu de sua dívida simbólica com as gerações passadas

Olgária Matos, Professora de filosofia da USP

- O conceito de universidade moderna e a natureza do conhecimento que ela produziu até os anos 1960 tinham por objetivo formar o cientista. Este representava o "mestre da verdade" porque capaz de compreender seu ofício na complexidade dos saberes e da história. Sua autoridade procedia de sua palavra pública, pela qual se fazia responsável. O cientista era o intelectual, e para ele a pesquisa não correspondia a uma profissão, mas a uma vocação. O conhecimento mantinha sua autonomia com respeito às determinações imediatamente materiais e do mercado. Sua temporalidade - a da reflexão - compreendia-se no longo prazo, garantidora da transmissão de tradições e de suas invenções.

A universidade pós-moderna, por sua vez, converte pesquisa em produção, constrangendo-se à pressa e à produtividade quantificada do conhecimento, adaptando-se à obsolescência permanente das revoluções técnicas, promovidas pelas inovações industriais segundo a lógica do lucro. A temporalidade do mercado confisca o tempo da reflexão, selando o fim do papel filosófico e existencial da cultura. Para a universidade moderna não cabia a pergunta "para que serve a cultura", mas sim "de que ela pode liberar". A universidade moderna elevava a sociedade aos valores considerados universais no concerto das nações que procuravam uma linguagem comum ao patrimônio cultural de toda a humanidade, devolvendo-o à sociedade com seus maiores cientistas e seus melhores técnicos. Essa foi a tradição de Goethe que havia formulado a ideia da Weltliteratur, da literatura universal como cosmopolitismo do espírito.

A universidade pós-moderna é a da indiferenciação entre pesquisa e produção. O intelectual cultivado foi destituído - em todos os domínios do conhecimento - pelo especialista e seu conhecimento particularizado, cujo contato com a tradição cultural é episódico ou inexistente. Seu discurso não diz mais o "universal" e se limita a formulações técnicas, perdendo-se o sentido do conhecimento e seus fins últimos, com a passagem da questão teórica "o que posso saber" para a pragmática "como posso conhecer". Pra Gunther Anders, o emblema da conversão do intelectual em pesquisador, da razão crítica em desresponsablização ética e racionalidade técnica, foi Fermi na Itália e Oppenheimer nos EUA, cujas pesquisas sobre a bomba atômica foram tratadas por eles em termos estritamente técnicos.

A universidade pós-moderna não lida mais com as "grandes narrativas" nem busca a fundamentação do conhecimento e seus primeiros princípios. Como o mercado, se pauta pela mudança incessante de métodos e pesquisas. Nada aprofunda, produzindo uma cultura da incuriosidade, imune ao maravilhamento. Em sua pulsão antigenealógica, acredita que tudo o que nela se desenvolve deve a si mesma, não reconhecendo nenhuma dívida simbólica com as gerações passadas. Essa circunstância, por sua vez, pode ser compreendida no âmbito da massificação da cultura e da universidade.

Com a ditadura dos anos 1960 no Brasil, a universidade pública moderna - concebida de início para formar as elites governantes, a partir do ideário de universidade cultural, científica e com suas áreas técnicas - começa sua desmontagem, o que e resulta em sua massificação. Sob a pressão de massas historicamente excluídas dos bens científicos e culturais, bem como do sucesso profissional aferido pelo enriquecimento nas profissões liberais, a universidade pós-moderna acolhe populações sem o repertório requerido anteriormente para a vida acadêmica. Face ao ideário moderno baseado no mérito de cada um e não mais no sistema nobiliárquico do nascimento, e sua incompatibilidade com a desigualdade real de oportunidades para a ascensão social, a universidade pós-moderna questiona, contrapondo-os, mérito e igualdade, reconhecendo no primeiro a manutenção do regime de privilégios e distinções do passado.

Assim, a universidade atual adapta-se à fragilidade do ensino fundamental e médio, passando a compensar as deficiências dessa formação. Para isso, a graduação retoma o ensino médio, a pós-graduação a graduação, o doutorado o mestrado, cuja continuidade é o pós-doutorado, tudo culminando na ideia da "formação continuada" e de avaliações permanentes. Ao mesmo tempo, a ideia de pesquisa moderna anterior transforma-se em fetiche pós-moderno, tanto que a iniciação científica se faz para estudantes em preparação para a vida universitária adulta, mas constrangidos a publicações precoces. O paradoxo é grande, uma vez que, maiores as carências nos anos de formação do estudante - como a precariedade no acesso à bibliografia em idiomas estrangeiros e dificuldades de expressão oral e escrita na língua nacional -, mais estreitos são os prazos para a conclusão de mestrados e doutorados. Prazos e métodos, por sua vez, migram das disciplinas científicas para todos os campos do conhecimento, sob o impacto do prestígio da formalização do pensamento, como é possível reconhecer, em particular no estruturalismo e, mais recentemente, no linguistic turn, sua legitimidade garantida pelo rigor científico de suas formulações. Acrescente-se o abandono da ideia de rigor na escrita e o fim do estilo, com o advento do gênero paper e a multiplicação de congressos no mundo globalizado.

Massificada a cultura, proliferaram, com a ditadura militar, a privatização do ensino e seu barateamento, as universidades particulares - salvo as exceções de praxe - prometendo ascensão social e acesso ao "ensino superior" e decepcionando suas promessas. A universidade moderna que a antecedeu garantia o exercício da formação especializada e se encontrava na base dos cursos técnicos com formação humanista para todos os que não se encaminhavam para a pesquisa, devendo atender à profissionalização, mas também à felicidade do conhecimento.

A emergência da universidade pós-moderna diz respeito ao abandono dos critérios consagrados até então a fim de democratizá-la. Mas a democratização pós-moderna é massificação. A sociedade democrática comportava diversas representações das coisas: os partidos representavam as diferentes opiniões, os sindicatos os trabalhadores, a Confederação das Indústrias os empresários. Na sociedade pós-moderna, o consenso é produzido pela mídia e suas pesquisas de opinião, através da eficiência persuasiva da televisão, que primeiramente cria a opinião pública e depois pesquisa o que ela própria criou. Razão pela qual massificação significa perda da qualidade do conhecimento produzido e transmitido, adaptado às exigências de massas educadas pela televisão, com dificuldade de atenção e treinadas para a dispersão, mimadas por uma educação que se conforma a seu último ethos.

A cultura pós-moderna é a da "desvalorização de todos os valores". Sua noção de igualdade é abstrata, homóloga à do mercado onde tudo se equivale. Em meio à revolução liberal pós-moderna, a universidade presta serviços e se adapta à sociedade de mercado e ao estudante, convertido em cliente e consumidor, como o atesta a ideologia do controle dos docentes por seus alunos.

Em seu ensaio Filosofia e Mestres, Adorno diz, temendo incorrer em sentimentalismo, que o conhecimento exige amor. Sua universidade, a de Frankfurt, era moderna, humanista, como era humanista o professor de uma fita italiana dos anos 1970. No filme, estudantes impedem o franzino docente de literatura românica com seus compêndios eruditos de entrar na sala de aula onde discutem questões do curso. Sentado em um banco, o mestre escuta o vozerio e ruídos de cadeiras sendo arrastadas. Por fim é chamado e, quando entra, os estudantes em suas carteiras estão em círculo, e o professor senta-se entre eles. Discutem então o que o professor deveria ensinar-lhes. Como não chegam a nenhum consenso e o dia se faz crepuscular, decidem finalmente deixar que o professor se manifeste. Ao que o professor, retomando seu lugar junto à lousa e diante de todos, anuncia: "Estou aqui para ensinar a vocês a beleza de um verso de Petrarca".

Metáfora rigorosa para a educação, da escola maternal à universidade, o conhecimento, como escreveu Freud, é uma das tarefas mais nobres da humanidade no longo processo de sua humanização.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009