Por Bruna Escaleira
Vivemos na era da informação, da abundância de dados. Mas de nada adiantam tantas fontes de conteúdo se não soubermos nos orientar entre elas – ou sequer estivermos cientes de sua existência. Antes de se curvar ao “Deus Google” para fazer uma pesquisa – por diversão, trabalho ou estudos –, é importante saber que há muitos outros recursos de busca virtual e material, mais confiáveis, específicos e de fácil acesso.
Para abrir caminhos entre estantes de madeira, ferro ou “pixels”, o Sistema Integrado de Bibliotecas da USP (SIBi/USP) promove treinamentos para o uso das bases de dados disponíveis tanto on-line, como nas bibliotecas da universidade, durante o ano todo. No entanto, a 13ª Semana de Arte e Cultura da USP é uma oportunidade especial para conhecer melhor esse verdadeiro universo de informação: cerca de 30 bibliotecas de diferentes unidades de ensino, com acervos especializados nas diversas áreas do conhecimento, promovem visitas monitoradas.
“O objetivo maior (das visitas) é promover, junto ao usuário, a divulgação do que a biblioteca oferece em possibilidades de acesso à informação, de forma presencial ou via internet”, expõe Mariza do Coutto, diretora da Divisão de Gestão de Desenvolvimento e Inovação do SIBi/USP.
A adesão de tantas bibliotecas ao oferecimento das visitas monitoradas mostra preocupação em se aproximar da comunidade. Mariza destaca a participação da mais nova unidade ligada ao SIBi, o Centro de Divulgação Científica e Cultural (CDCC) da USP de São Carlos, que estará aberto a visitas nos dias 24 e 25 de setembro.
Da informação à culturaAlém de aprender a manipular mecanismos de busca de informações, é importante aproveitar o potencial de produção de conhecimento a partir do contato com essas bases de dados. “A tecnologia não é só um equipamento, pois muda a relação das pessoas com os repertórios simbólicos em circulação na sociedade”, ou seja, modifica a maneira como se conhece o mundo, diz a professora do curso de Biblioteconomia e Documentação da USP, Ivete Pieruccini, que estuda as relações entre informação, aprendizado e produção de conhecimento, atuando em grupos de pesquisa como o de Infoeducação.
Ela defende que haja uma inversão nas políticas de democratização do acesso aos conteúdos informativos, pois estas têm priorizado o manejo tecnológico, antes de fornecer uma base educacional que permita ao usuário apropriar-se de tais conteúdos para produzir conhecimento e cultura. “Acesso é a possibilidade de chegar até a informação, mas apropriação cultural significa reelaborar, ressignificar e contextualizar aquela informação às questões presentes no cotidiano”, explica a professora.
Tal contextualização só é possível através do estabelecimento de relações entre o “sujeito e a informação, e também entre sujeitos e sujeitos”, continua Ivete. Nesse sentido, a estrutura física das bibliotecas tem papel fundamental, pois precisa estimular a interação entre seus usuários para a geração e divulgação de conhecimento, ou seja, para a produção e interação cultural.
Seguindo esse conceito, foram inauguradas, no dia 16 de setembro, duas “Estações do Conhecimento” no “Parque da Juventude”, ao lado da estação Carandiru do metrô. Trata-se de uma biblioteca estruturada de maneira diferente do modelo tradicional, que prioriza a capacidade de armazenamento de material, distanciando bibliotecário, usuário e conteúdo. O projeto, idealizado pelo grupo de pesquisa de Infoeducação da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP em parceria com o Centro Estadual Paula Souza de Educação Tecnológica e a Fundação Volkswagen, sinaliza e dispõe os livros de maneira simples e convidativa ao público. Além disso, mesas e cadeiras reordenáveis estimulam a interação entre os usuários.
Para Ivete, as bibliotecas da universidade também deveriam ser reestruturadas de modo a incentivar a “socialização do conhecimento”. Muitas vezes, os próprios alunos desconhecem os recursos informativos de suas unidades de ensino, e quando os conhecem, utilizam-nos apenas para suas pesquisas, sem interagir com a comunidade. Sem essa interação, o estudante universitário, que deveria atuar como “protagonista” da produção cultural, acaba se fechando em um universo de conhecimento descolado da realidade; aliena-se em vez de contribuir para o desenvolvimento social.
Para mudar esse quadro, são necessários projetos educacionais de longo prazo, mas iniciativas imediatas, como as visitas monitoradas promovidas pelo SIBi/USP, são fundamentais.
Para participar delas, é preciso agendar a atividade junto à biblioteca da unidade que se deseja conhecer. O calendário completo das visitas está disponível na nossa Agenda Cultural e no link www.usp.br/sibi/noticias/veja-hoje-240.htm.
Fonte: http://www.usp.br/prc/caminhos/materia.php?link=81&categoria=materia
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